Infelizmente para uns e felizmente para outros. Existem praí tampas que não encaixam em certos tachos. Por mais que os anos passem a fixação mantém-se, apesar das vidas seguirem o seu rumo. Numa terra pequena como Alguidares, onde todos sabem da vida uns dos outros é inevitável as pessoas cruzarem-se, seja na rua, no trabalho, no café.
Tó Zé Lapa, tem uma fixação por mim. Apesar de ser e de saber que sou comprometida, adora lançar o seu charme, o que deste lado equivale a comer uma tarte de pioneses. É fornecedor na Loja das Fazendas e por isso infelizmente vejo-o de vez em quando. Infelizmente porque ele é particularmente irritante. É abusado, brincalhão de uma forma cáustica, chega-se demasiado perto e quando finjo não saber que ele está, faz questão de gritar para me chamar a atenção. Chama-me de "Branquinha". Como se não bastasse ele faz questão de me tocar, é mais uma chamada de atenção. Toca braço, na mão, mais não se atreve! Não quero ser indelicada, mas aquele ogre faz-me calafrios. Apesar de irritada acabo por me rir, porque por trás vejo as minhas colegas no gozo e à gargalhada. O ego dele deve ser hirto e firme que nem uma barra de ferro, pois nem as constantes palavras soltas para ele descer à realidade o fazem acordar.
Para não me passar dos carretos, na próxima visita do Tó Zé Lapa, vou enfiar-me no wc! Atitude pouco corajosa, eu sei.